12/07/2007

Mauricio Kagel - Eine Brise

“O Festival Kagel [Buenos Aires, de 17 a 30 de Julho de 2006] teve sua autêntica linha de partida com Eine Brise (Uma brisa), a obra para 111 ciclistas que Kagel concebeu para uma aprazível cidade alemã habitada por muitos estudantes, cujas condições acústicas certamente são muito diferentes da caótica Buenos Aires. O esquadrão deveria passar às 20h00 na frente do Teatro Colón; às 19h30 procedeu-se a parar o trânsito nas ruas adjacentes, e às 19h45, as escadarias e a calçada da frente do teatro estavam lotadas por uma multidão cheia de expectativas, tanto mais, quanto mais irrepresentável parecia ser a ideia de uma obra para 111 ciclistas! A obra é, efetivamente, uma brisa. Dura o que dura o desfile dos ciclistas, uns noventa segundos; o esquadrão se distribui em agrupações simétricas, e cada intérprete-ciclista tem adjudicada uma série de efeitos vocais e ruídos diversos, embora tudo transcorra numa espécie de mezzopiano. O ruído de base de Buenos Aires encobriu os sussurros de Eine Brise, embora a obra produzisse assim mesmo as suas cócegas, que não são tanto auditivas quanto visuais: umas cócegas que se produzem tanto pela mera representação, como também pelo efeito cômico de seu desequilíbrio entre os esforços quase urbanísticos requeridos para a realização e a fugacidade mais extrema, algo assim como uma gigante miniatura.”
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Federico Monjeau, “Maurício Kagel, compositor de vanguarda residente na Alemanha, apresentou-se em Buenos Aires”, Humboldt 94 Ano 49/2007 (versão brasileira).
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(em 1998 os 22º Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea foram, em parte, dedicados a Mauricio Kagel, juntamente com Emmanuel Nunes)
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